sábado, 1 de fevereiro de 2003

Para quem se preocupou se eu ainda não caí em tentação e fumei, eu NÃO FUMEI!!! Estou há um mês sem fumar!!!!

Quando eu era criança, meu pai fumava. Para mim aquilo era a imagem da vida adulta e, juro, eu sempre achei, quando eu era criança, que eu fumaria quando fosse adulto, naturalmente, automaticamente. Era como se fosse obrigatório, como fazer barba, beber cerveja, trabalhar, etc etc, rituais da vida adulta.

Cresci imaginando o dia em que ia começar a fumar. Mesmo ainda quando eu não fumava eu já tinha minha marca preferida, seria Free, porque eu gostava dos comerciais que passavam na televisão ("...mas com alguma coisa em comum...").

Foi em 1992, quando eu estava no primeiro colegial, tinha mudado de escola, meus novos amigos eram quase todos fumantes, e eu comecei a "fumar". Ponho entre parênteses porque na realidade eu não fumava. Não sabia tragar, e não percebia. Meus amigos tentavam me mostrar como fazer mas eu não entendia. Até o dia em que eu realmente fumei, traguei, foi como se uma pedra tivesse batido no meio do meu peito... Deu uma tonturinha...

Experimentei diversas marcas de cigarros, mas gostei mais do Marlboro Lights, que fumei por anos. O cigarro era uma grande "muleta social". Através dele eu podia ficar matando tempo sem fazer nada por muito tempo. O cigarro me aproximava de muita gente, principalmente no colégio, em que os fumantes formavam quase que uma "sociedade" para fumar escondido no banheiro da escola.

Claro, não estava me achando mais adulto que os outros que não fumavam. E meu pai, nessa época, já tinha parado de fumar há anos.

Quando entrei na faculdade o cigarro me levou a fazer muitas das amizades que tenho até hoje. Dar e pedir cigarros para os outros, pedir isqueiros, sair do prédio juntos para fumar um cigarro e bater um papinho no intervalo das aulas... Isso une as pessoas. No internato tinha que ir fumar escondido nas escadas de incêncio do hospital com mais dois amigos. E era muito bom... Época muito boa...

Já na residência foi diferente. Eu era o único residente de ortopedia fumante. O fato de fumar era socialmente neutro, não me unia mais a ninguém. Nem menos.

Agora que estou a um mês sem fumar posso dizer: não sinto muita falta do cigarro em geral. Às vezes dá uma vontade doida de fumar, principalmente quando encontro meus amigos que fumaram comigo durante anos e eles me chamam: "vamos fumar um cigarro?". É como se eu renunciasse a um passado que eu sinto falta. É como se o encontro com o amigo não fosse completo. Mas, o controle É possível, e a vontade de fumar passa em poucos minutos, bastando pensar em outra coisa.

Um mês sem fumar. Um investimento para o futuro.

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