terça-feira, 26 de novembro de 2002

Opa, faz tempo que não escrevo...

Um dos leitores do meu blog me perguntou como foi minha época de vestibular... Er... É duro admitir, mas isso faz muuuuuito tempo.

Me formei no Colégio Cardeal Motta, colégio particular do bairro do Ipiranga, aqui em São Paulo, no final de 1994. Naquele ano prestei Fuvest, Unicamp e Unesp 95... Não tinha feito cursinho, e, portanto, estava tranqüilo, não me sentia no obrigação de passar. E só prestei as universidades públicas porque se não passasse, no ano seguinte eu prestaria as particulares também.

Decidi fazer medicina pouco antes das inscrições do vestibular, no 3° colegial. Nunca foi "meu sonho".

Sempre fui um bom aluno. Era o melhor da classe (não o melhor da turma, tinha muitos melhores do que eu nas outras salas), mas não era exatamente um tipo "bitolado" (essa gíria ainda se usa? ha ha). Tinha meus amigos, fumava, cheguei a ter uma banda, bebia, um adolescente comum...

Bom, acho que o sossego me fez bem. Na época a primeira fase da Fuvest eram em dois dias, 160 questões. Acertei 125!!! Nem eu acreditava... Tinha estudado tão pouco! E tinha passado para a segunda fase! (A nota de corte era 91).

Pra segunda fase eu estudei bastante... A prova foi difícil... A de português eu lembro até hoje, tinha aquelas carinhas da Marylin Monroe... Ainda bem que todo mundo foi mal em português naquele ano.

Chegava no local da prova uma hora antes (saía de casa duas horas antes). Almoçava normalmente, levava limonada congelada pra prova (ia derretendo aos poucos, era um puta calor).

Não me lembro bem de como foi a prova da Unicamp ou da Unesp. A Unesp lembro que foi três dias de uma fase só. A Unicamp também fiz as duas fases.

Não passei na Unesp, fiquei em 1530° lugar (lembro até hoje!).
Passei na USP em 150° (também me lembro bem!!!).
Passei na Unicamp na segunda chamada (sei lá que classificação, tinha que ir até o campus para saber).

Outro dia eu conto como foi o dia 9 de fevereiro de 1995 (o dia em que a lista da Fuvest saiu nos cursinho, no dia seguinte tava nos jornais)

Curiosidade: Ana Paula Arósio entrou na USP no mesmo ano que eu, mas ela entrou em Letras, e eu em Medicina. Só pra constar...

domingo, 24 de novembro de 2002

Fui pra balada... Acabei de voltar... Na caminho de volta, fiz, ãh, "contato" com alguns policiais. Me deixaram seguir meu caminho...
Só pensei: Ainda bem que a polícia tem bom senso.

sábado, 23 de novembro de 2002

Sabadão bonito... Lá fora, pois estou enfurnado em casa estudando para uma prova que vou ter daqui a duas semanas, mas não tenho tempo de estudar durante a semana porque estou no PS, e o PS cansa demais...

Decidimos qual R2 vai dar plantão no Natal e Ano Novo. Não fui eu, êba! Mas deu um trabalhão, e muita discussão... O cara do Ano Novo saiu quase chorando da discussão... Mas, regras são regras, e estavam definidas na hora do sorteio...

quarta-feira, 20 de novembro de 2002

Segunda-feira me senti realmente bem no PS...

Chegou um menino de 17 anos, com uma puta dor no ombro esquerdo, fruto de uma lesão nervosa há cerca de um mês. Assim chamada dor neuropática... Não dá pra resolver em pronto-socorro, mas ele estava com muita dor.

Usei todos os analgésicos que conhecia, opióides (dervados da morfina) até anti-convulsivantes... Nada... O cara chorava, e tinha uns espasmos horríveis...

Liguei prum residente da neurologia para ver se ele me dava alguma sugestão. E ele deu... Fiz a medicação...

10 minutos depois ele não tinha mais dor... Estava rindo na maca, aliviado... Eu rindo junto com ele, e com a enfermeira que me ajudou... Fantástico!!! Depois ele dormiu, um sono que eu acho que ele não tinha há muito tempo...

Naquele momento lembrei dos meus ideais que eu tinha quando era estudante de medicina. Aliviar a dor.

Naquele momento não me senti um residente do PS, receitando anti-inflamatórios e re-encaminhando quase todos para o SUS.

Naquele momento eu me senti um MÉDICO!

domingo, 17 de novembro de 2002

Amanhã é um novo começo. Vou voltar a minha rotina básica... Pensando bem, todo dia é um novo começo.

Todo dia nasce uma nova chance de mudar.

Será que eu realmente quero mudar? Estou tão acostumado com os "rituais" da minha vida que não posso me imaginar sem eles. Li isso em alguns livros que tenho lido ultimamente, e até minha amiga psiquiatra andou falando sobre isso para mim. Será que eu não seria feliz se saísse da segurança da minha rotina e caísse na insegurança de uma mudança?

O que seria de mim se eu não fumasse mais? Se eu não mais morasse com meus pais? Se eu morasse sozinho? Ou com algum amigo? Ou com vários, que pensassem de modo diferente do meu? Se eu finalmente me dispusesse a encontrar o amor? Formar família, ter filhos... Idéias que sempre quis deixar SEMPRE mais pro futuro... (talvez por medo?)

E se o futuro for agora?

(PS.: Quebrando o clima reflexivo, sou corinthiano, e o Palmeiras caiu pra segunda divisão. Vou zuar meus amigos palmeirenses amanhã, mas na verdade eu tive pena... Mas, isso passa...)
Teste do Emode, sugerido pelo Hellz

É com aquelas manchas de tinta...

"Carlos, your unconscious mind is driven most by Sexuality

What this means is that when your unconscious mind sees an opportunity to remind you of your sexual desires, it takes full advantage of it. Because of this, things that have very little sexual content or that seem sexually neutral to others, may register as sexually charged to you, at least on an unconscious level.

Your unconscious mind recognizes the value of sexuality. The reason it may do so, is because of a deep-rooted fear of the opposite — living a life that is numb to sexual desire or is turned cold by it. You unconscious mind may be trying to avoid this sexual dullness, and so it reacts by swinging to the opposite extreme, strong sexual desire. By sending you these sexual messages on a regular basis, your unconscious makes sure you don't forget about sex.

If you view your sexual desire with a positive attitude, you can welcome the vitality and strength sexual thoughts can bring into your life. This would allow you to honor the drive your unconscious has chosen to be an important focus for you. It is a message that you are very much alive, and have a great deal of passion to bring to life."


A semana passou um pouco lenta... Mas cheia de trabalho... O PS não parou nem no feriado... Estou bem cansado. Na sexta-feia dormi eram mais ou menos 20:30... Acordei no sábado às 11:30, ainda meio cansado.

Estudei muito pouco hoje, apesar de ter reservado os próximos finais de semana para isso. PRECISO estudar! Não só por causa da prova final, mas é que eu preciso mesmo. Admiro os ortopedistas que sabem falar de assuntos variados na área. Admiro aqueles que sabem tanto... Porque eu não sei? Acho que fiquei preguiçoso para estudar.

Lembro de que quando eu estava no colégio eu tirava notas ótimas só de prestar atenção nas aulas (exceto Gramática, lembro bem disso, mas minhas notas de Redação salvavam a média de Português). Na faculdade bastava estudar um pouco... Mas agora... aprender é um suplício!!!!

Na prática até que sei bastante coisa... Mas toerias... Classificações... Nomenclaturas... argh! Eu sei diagnosticar problemas e tratar, isso pelo menos estou aprendendo.

Queria aprender as coisas com mais facilidade, como eu fazia no colégio! Porque a vida é MUITO mais do que estudar, e não queria ficar perdendo tempo com isso!

Haja saco!
Não, definitivamente não estou equilibrado nos últimos dias...

quinta-feira, 14 de novembro de 2002

Não posso chamar a vida no PS de rotina... Sempre um caso novo, um novo paciente com quem conversar (sim, porque como R2 eu atendo menos pacientes do que como R1, aí dá mais tempo para atender melhor). Mas tô ficando meio cansado demais... A prova final tá chegando e eu cansadão, não aguento estudar...

Meu carro está péssimo. Tá difícil engatar a primeira marcha.

Um dos R1, o Paulo, pediu para que eu citasse aqui que o notebook dele foi roubada. Feito. Não sei pra quê, ele não lê meu blog mesmo...

Ando escrevendo meio raramente por causa do cansaço. No final de semana escrevo mais.

domingo, 10 de novembro de 2002

Descobri o que me fez ficar parado no trânsito da Av. Brasil: a 6ª edição da Parada da Paz, no Ibirapuera.
É... foi um bom motivo.
Hoje foi um dia de muito calor.

Fui devolver a mala pro meu amigo João, a mala que eu levei pra Patagônia em julho. Conversei um pouquinho e vim embora. Como tinha ido pela Paulista, resolvi voltar pela Av. Brasil e passar pelo Parque do Ibirapuera, só para olhar passando de carro, já que estava um dia bonito.

Mas lá pelo final da Brasil percebo que o trânsito estava demasiado pesado para um domingo à tarde. Na verdade a avenida pela qual eu tinha que passar para ir para casa estava interditada. Havia alguma passeata, ou festa, na Av. Pedro Álvares Cabral (que passa do lado do parque). Vi de longe um trio elétrico, que não tocava samba, parecia algo mais eletrônico. Vi algumas pessoas com roupas com cores fosforescentes... Algo techno, presumo...

Peguei um desvio. Tive que subir a Brigadeiro e cair na Paulista de qualquer forma... Quando estava quase chegando em casa: o carro quebra. De novo? É... de novo... Deve ser a mesma junta homocinética, pois os "sintomas" do defeito foram os mesmos. Pelo menos estava suficientemente perto para não ter que chamar um guincho.

Estou pensando em alguma forma de me forçar a sair da rotina da minha vida... Quando descobrir eu conto.
Amanhã começa: o estágio do PS.

sábado, 9 de novembro de 2002

Foi meu último dia no Hospital Universitário da USP. Só volto lá um dia se eu for contratado para trabalhar lá... he he he, mas isso não está nos meus planos no momento e não faço muitos planos a longo prazo...

Depois da rotina do dia (apesar que foi um dia legal, fiquei a maior parte do tempo no centro cirúrgico), não fui pra academia, nem pra casa, nem pro curso de leitura... Fui tomar chopp com a R1 e o R2 que passaram comigo estas quatro semanas. Me diverti muito conversando com eles. São ótimas pessoas, e ótimos amigos.

Percebi (através das palavras do R2, o Luís), que eu sou uma pessoa que conversa bastante, mas só se a outra pessoa tiver a iniciativa... Nunca percebi este aspecto meu, achei interessante. Eu nunca procuro me relacionar com ninguém, mas sempre me relaciono bem com as pessoas que me procuram.

Ele não é de São Paulo e vai voltar pra cidade dele (Salvador) quando acabar a residência.

Começo a perceber que, apesar de tudo, vou no futuro sentir tantas saudades da época de residencia quanto eu sinto da época de Faculdade. Por causa dos amigos que fiz, não pela residência em si.

quinta-feira, 7 de novembro de 2002

Foi um dia legal lá no HU. Fiquei no dia inteiro no Centro Cirúrgico, tinha cirurgias pra caramba! Beleza, gosto muito de cirurgias. Não atendi nenhuma ficha no pronto-socorro.

Essas fichas me chateiam porque é muito monótono: a maioria tem lombalgia ou dor nos pés... não há muito o que fazer além de receitar anti-inflamatórios e encaminhar para o posto de saúde (o lugar que deveriam ter procurado primeiro, pela lógica). Vario o atendimento dando de vez em quando algumas injeções, variando o tipo de anti-inflamatório que prescrevo... Às vezes até bato um papinho com pacientes mais simpáticos que me dizem "bom dia doutor" antes de começarem a reclamar. Não que isso faça diferença no tratamento, mas faz diferença no atendimento (sou humano também, preciso ouvir um "bom dia" de vez em quando).

Bem, não pude deixar de pensar no Erick hoje de novo e ficar triste. Mas não posso ficar muito triste, pois isso me trouxe uma lição: minha vida pode acabar a qualquer momento, não apenas quando eu for um velhinho.

É minha última semana no HU.

quarta-feira, 6 de novembro de 2002

Erick

Este é um post de despedida a um amigo meu, que foi, há alguns anos, um dos meus melhores amigos, grande companheiro.

Morreu num acidente de carro, no último final de semana.

Fiquei sabendo durante o almoço no HU. Estava eu e outro residente almoçando quando um assistente senta ao nosso lado e pergunta se nós conhecíamos o R1 da clínica que havia morrido. Não estava sabendo de nada... Ele não lembrava o nome... Havia um cartaz na porta do refeitório.

Outra assistente chegou e disse o primeiro nome dele... Fiquei preocupado... Perguntei o sobrenome... Ela só disse que era um sobrenome "estranho".

Já sabia que se tratava dele... Minhas mãos tremeram, senti uma certa tontura... Me controlei.

Ao sair vi o tal cartaz, com uma foto dele. Era ele mesmo...

Fazia muito tempo que não falava com ele, mas mesmo assim, continuo com muitas lembranças dele. Viajamos juntos várias vezes no começo da Faculdade...

Liguei para algumas pessoas... O velório e o enterro já haviam acontecido.

Pelo menos só vou guardar as boas recordações!

domingo, 3 de novembro de 2002

O plantão acabou!

Só porque eu falei que o plantão estava tranqüilo, a casa caiu... 2 fraturas expostas no Instituto Central, e um.. ãh... "quase" reimplante de mão no IOT... Digo "quase" porque na verdade a mão não havia sido amputada... Tinha sido "quase" amputada... A cirurgia de re-ligação dos nervos, tendões e de uma artéria não era para ser feita na urgência, já que a outra artéria estava pérvia e funcionando muito bem, nutrindo toda a mão. Mas o R4 que foi chamado lá para avaliação SEMPRE indica fazer TUDO no primeiro momento...

Aí a cirurgia durou horas... Se fosse fazer só o que era REALMENTE necessário no primeiro momento, uns 30 minutos bastavam... O resto das cirurgias necessárias poderiam ser feitas durante a semana.

Não é que eu não ache melhor fazer tudo no primeiro momento. É melhor, sem dúvida... Mas e se chegasse outra urgência naquela hora? Como eu disse, já haviam outras cirurgias (urgentes de verdade, fraturas expostas) rolando naquela hora no Instituto central. Se chagasse mais uma? Não haveria médico disponível para ir tratá-lo.

Por sorte, nada mais chegou.

Fui embora mais ou menos às 8:00, porque o outro residente chegou meio atrasado para me substituir. Tinha saído de balada na noite anterior, ha ha ha, e tava com uma puta cara de sono... Nem fiquei bravo, achei engraçado. Nota: nenhuma das cirurgias havia acabado.

Cheguei em casa e dormi o dia todo.

sábado, 2 de novembro de 2002

Ainda de plantão!

Parece que caí em uma armaldilha (prefiro acreditar que foi do destino). Deu 19:00 e o plantonista da noite não apareceu... 10 minutos, 15 minutos... 30 minutos! O quê? Liguei pro cara que coordena a lista de plantonistas. Ele me pediu encarecidamente para continuar de noite, pois ele nem estava em São Paulo para pegar, nem pra checar quem deveria estar no plantão, nem pra saber se havia alguém ou não...

Humpf... A vida está se tornando realmente um caos!
Pelo menos (até agora) o plantão está tranqüilo.
Estou de plantão!

Ontem fui à Faculdade para cervejada do 6º ano... Despedida da Faculdade é uma coisa que machuca um pouco... Só quem já passou por isso sabe.

Novos médicos... Novas vidas inteiras pela frente...

Triste, porém alegre. É o fim de uma vida boa, porém o começo de uma nova vida. É preciso... Inevitável. Faz parte do crescimento pessoal de todos nós.

Precisam sair do ninho, pois aprenderam a voar... E aprenderam numa das melhoes escolas que existem.

E que mantenham a alma sempre jovem, como se para sempre fossem Internos do 6º ano!!!

Mais uma vez, PARABÉNS!

sexta-feira, 1 de novembro de 2002

Ando meio cansado, com sono, por isso não ando escrevendo muito por aqui. Também, tudo continua na mesma lá no hospital, como eu disse, todo dia igual, como no filme do dia da marmota... Fumando feito um porco (como se os porcos fumassem).

31 de outubro, Haloween, o dia das bruxas. Foi o último dia dos internos do sexto ano lá no HU. Acho que deve ser o último dia dos internos no HC também. Amanhã, como é ponto facultativo (dos funcionários públicos), só esquema de plantão. Parabéns à 85ª Turma da Faculdade de Medicina da USP, que se formam agora! (eu sou da 83ª).

Obrigado a todos que me desejaram feliz aniversário no post do dia 27... Fiquei muito feliz!! :-))))))
Preciso de alguma balada... Estou estressado!!!!