sexta-feira, 6 de junho de 2003

Estou neste momento num consultório bem tranqüilo, substituindo um colega meu, numa clínica na Avenida Pompéia. E com internet de alta velocidade à minha disposição... que vida...

É com esses "bicos" que um residente consegue sobreviver. Ainda que eu só "me sustento parcialmente", já que moro com meus pais. Ajudo a pagar as contas de casa, mas não com comida, roupa, limpeza... Sustento meu próprio carro (meu belo golzinho 1990), minhas baladas, viagens e gastos do dia a dia.

Lembro que a primeira coisa que eu comprei com meu próprio dinheiro, do meu trabalho, foi uma mochila, com o nome "medicina USP", em 1996, quando eu estava no segundo ano da faculdade e trabalhava às vezes como monitor de um cursinho pré-vestibular que uns amigos/colegas meus fundaram naquele ano (esse cursinho hoje é o Rede Medicina). Acho que foram os primeiros a pensar em fazer um cursinho pré-vestibular especializado em pessoas que prestam vestibular para medicina.

Meu segundo "emprego" foi dar palestras em colégios da Grande São Paulo durante a noite. No final da palestra as pessoas poderiam comprar uma coleção de livros, e eu ficava com uma comissão. Os livros e as palestras eram muito boas. Apesar de um tanto caros...

Trabalhei nesse esquema por uns três anos, trabalhando quase toda noite. Cada noite uma aventura, conheci muita gente interessante, principalmente meus próprios colegas de trabalho, que faziam faculdade junto comigo. Foi lá que eu conheci um dos meus melhores amigos que tenho hoje.

Depois, quando comecei o internato (5º e 6º anos da faculdade, em 1999 e 2000), não tinha mais tempo para trabalhar naquele esquema, por causa dos plantões e dos estudos mais exigentes. Foram tempos de vacas magras, financeiramente falando.

O próximo passo foi a residência, e a bolsa que eu comecei a receber em 2001 é minha principal fonte de renda. Além disso há esses plantõezinhos que reforçam o orçamento. Pagam mal se formos ver a quantidade de trabalho, e, principalmente, a responsabilidade em cada paciente atendido, e todo o investimento que se gastou para formar um médico.

Mas essa é uma discussão que eu deixo para outra oportunidade.

Nesse momento imagino que daqui alguns anos um consultório como este poderá ser meu. Ou não.

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